quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Juventude e as dores do mundo: A necessidade por políticas públicas e justiça social para os jovens


Gostaríamos de começar esse texto fazendo um questionamento a todos e todas: Quais são as dores de nossa juventude brasileira nos dias de hoje?

Todos os dias encontramos em nossas mídias jovens como modelo de beleza, saúde e vigor; no entanto também encontramos através de notícias, quase que diárias, a juventude com uma imagem violenta, descompromissada, desordeira, ligada às drogas ou viciada em sexo e prazer. Será essa a nossa juventude?

Se pudermos parar e refletir um pouco sobre a condição juvenil, vamos ver que na verdade a mídia e o sistema capitalista usam a juventude como fonte de lucro, ao mesmo tempo em que estigmatiza grande parte da mesma colocando-a como o ópio da sociedade. A partir do momento em que colocamos a juventude sendo o centro do problema, esquecemos tudo aquilo que tira sua vida e dignidade desde sua infância, como: baixa qualidade no sistema público de educação, a falta de saneamento básico nas favelas e periferias, falta de hospitais públicos de qualidade para atendimento à população carente, falta de cultura e lazer etc., assim é mais fácil denegrir e tirar os espaços dos jovens, atacando o “problema” e não a causa do mesmo.

Nesse sentindo a Pastoral da Juventude, junto a outros movimentos de mobilização juvenil, estão na luta pelo direito a vida da juventude que é violentada e exterminada a cada dia no Brasil, como nos mostra o mapa da violência no Brasil, e tantas outras pesquisas na área. O Brasil conta com 21 milhões de jovens meninos e meninas de 12 á 18 anos e destes 0,5% cometeram algum tipo delito em 2011 e enquanto os números nos apontam que a morte de crianças e adolescentes teve um aumento alarmante, só em 2010 foram 8.686 menores de idade assassinados, ou seja, 24 mortes por dia no Brasil.





A organização Mundial de Saúde diz que o Brasil é o 4º país que mais mata jovens e crianças, aqui são 13 mortes a cada 100 crianças, enquanto tem países como Inglaterra, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Egito que não chegam nem a 0,2% para a mesma quantidade de crianças e adolescentes.
A partir do momento que atacamos os jovens como problema na sociedade, retomamos a discussão
sobre a redução da maioridade penal, que por sua vez não vem combater os problemas acima citados,
mas vem privar cada vez mais a juventude de seus direitos básicos e por sua vez também vem tirar a
vida da juventude já que não há de fato uma reinserção do jovem à sociedade. Abaixo um trecho da carta emitida pela CNBB em repudio à redução da maioridade penal:

“A CNBB entende que a proposta de redução da maioridade penal não soluciona o problema.
Importa ir a suas verdadeiras causas, que se encontram, sobretudo, na desagregação familiar, na falta
de oportunidades, nas desigualdades sociais, na insuficiência de políticas públicas sociais, na perda dosvalores éticos e religiosos, na banalização da vida e no recrutamento feito pelo narcotráfico.
Reafirma a CNBB que a redução da maioridade penal violenta e penaliza ainda mais adolescentes,
sobretudo os mais pobres, negros, moradores de periferias.”
Carta da CNBB em repúdio a redução da maioridade penal.



Lembremos também que os bispos do Brasil já haviam feito uma reflexão sobre a realidade juvenil em no documento de evangelização da juventude que nos diz o seguinte:
“Face à situação de extrema vulnerabilidade a que está submetida à imensa maioria dos jovens brasileiros,é necessária uma firme atuação de todos os segmentos da igreja no sentido de garantir o direito dos jovens a uma vida digna e ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Isso se desdobra e concretiza no direito à educação, ao trabalho e à renda, à cultura e ao lazer, à segurança, à assistência social, à saúde e à participação social.” Doc 85 da CNBB.

Por isso a pastoral da juventude em seu processo de formação na fé, acredita que evangelizar a
juventude é também lutar por seu direito a vida como nos diz o evangelho de Jo 10,10 – “Eu vim para
que todos tenham vida e a tenham em abundância”, se queremos um mundo sem dores, sem jovens
envolvidos em situações de violências, se queremos acabar de fato com os menores infratores, é
preciso dar vida a esses jovens, garantindo-lhes direitos básicos e que tenham dignidade, pessoas de
possibilidades e potencialidades.



Temos a missão de ser e ajudar essa juventude a serem missionários, inquietos e solidários, construtores de uma terra sem males, onde o sol seja de todos e que o amor, a fraternidade e a paz seja um bem comum, nós queremos uma civilização do amor, onde o jovem tenha vez, voz e lugar, seja cidadão de direito e deveres e que juntos forme uma verdadeira nação democrática e um povo de fé!

Referências:
-Texto Base da CF 2013
http://www.cnbb.org.br/site/eventos/assembleia-geral/1867-cnbb-reafirma-posicao-contraria-a-reducao-
da-maioridade-penal
-Documento de evangelização da juventude - 85 da CNBB
-Material da PJ da arquidiocese de Mariana – MG
-Projeto Nacional A Juventude quer viver
-Campanha contra violência e extermínio de jovens

Por Leandro Mello ( Coordenador da PJ Vicariato Suburbano) e Felipe Eduardo (Coordenador da PJ Vicariato Jacarepaguá)

Link para modelo de encontro:
http://rapidshare.com/files/4208775291/Encontro%20A%20Juventude%20e%20as%20dores%20do%20mundo.doc

Links para músicas de reflexão:
Nova Civilização:
http://rapidshare.com/files/3996949743/10%20-%20nova%20civiliza%C3%A7%C3%A3o.mp3

Queremos ser jovens
http://rapidshare.com/files/3747073208/Queremos%20ser%20jovens.mp3

Juventude Missionária- Inquieta e Solidária
http://rapidshare.com/files/123986321/16%20-%20Juventude%20Mission%C3%A1ria%2C%20Inquieta%20e%20Solid%C3%A1ria.mp3

Um comentário:

  1. O jovem é, assim como todo cristão, chamado a ser protagonista dentro e fora da Igreja. É através deste protagonismo que se “participa da sociedade e da Igreja de modo a influir significativamente nas transformações que fazem o mundo melhor.” (1)
    Em uma época em que o individualismo fala mais alto, é através da adesão a proposta de Cristo que o cristão assume um compromisso com o próximo.
    A CF 2013 nos motiva a enxergar a necessidade urgente de que a juventude descubra nos laços comunitários o amor. A experiência de fé na comunidade é essencial. Só através da identificação com a proposta de Jesus Cristo o jovem se sente motivado a exercer sua liderança. Hoje, o protagonismo dos jovens é complementado e enriquecido pela assessoria, pelo preparo e pela experiência de adultos. Através do diálogo, existe a troca de experiência e enriquecimento da trajetória. No entanto, como Bento XVI já havia apontado em 2007, a Igreja precisa dos jovens para manifestar ao mundo o rosto de Cristo, que se desenha na comunidade cristã.
    A CF 2013 denuncia a urgência em se acolher o jovem e entender a mazelas que o afligem. Neste sentido, voltamos também nosso olhar para as Políticas Públicas direcionadas a juventude.
    É preciso ter em mente que Políticas Públicas são mecanismos sociais que permitem um maior desenvolvimento e criam oportunidades. Deste modo, são fundamentais para que tenhamos uma sociedade mais próspera e justa.
    Assim sendo, “evangelizar a juventude é também lutar por seu direito a vida como nos diz o evangelho, é respeitar sua vez, sua voz e seu lugar.” É respeitar seu direito de cidadão e de ser protagonista de sua história.

    Grazi – Assessoria PJ Vicariato Oeste

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