Mística e Construção


 “Espiritualidade e profecia são duas palavras inseparáveis.
Só os que se deixam possuir pelo espírito de Deus são
capazes de plantar sementes do amanhã e renovar a face da terra.
Todo verdadeiro profeta é semeador de confiança, de amor e de alegria”.
(Maria Inês Millen)
 
Por que pensar em Mística e Construção?
Constata-se que há uma queda no interesse dos jovens em participarem dos grupos. A Igreja, em sua totalidade, tem sido afetada por um modelo de sociedade consumista e individualista, que afasta as pessoas de assumir uma vivência comunitária, favorecendo mais um modelo intimista da relação com Deus.
 
O imediatismo e a busca de satisfação imposta pela dinâmica da vida direciona as pessoas a centrarem-se em atividades de massa, muitas vezes até desvinculadas de qualquer processo que exige compromisso, “a abertura para o transcendente não significa, necessariamente, uma aceitação das religiões organizadas”.1 Esta dinâmica afeta a Pastoral da Juventude que prima pelo modelo de formação integral e pela prática processual.
 
Entretanto, novos modelos de participação social são reconhecidos pela juventude: ONGs, grupos culturais, mobilizações em torno de uma causa, campanhas por meio de redes sociais, movimentos reunidos em torno de identidade (negros, índios, mulheres etc.), ou seja, diversas situações que aproximam os jovens da proposta da PJ, que tem como por alguns dos seus pressupostos a convivência com o próximo, a transformação social e a espiritualidade encarnada na realidade.
 
Dentre todas essas mudanças sociais que ocorrem em torno da juventude, não podemos ignorar o grande interesse que tem revelado a juventude para as questões relacionadas à bíblia, à liturgia, à oração, ao Ofício Divino da Juventude e das Comunidades, ao método de Leitura Orante, fazendo com que,
 
a mística cristã nos envolva totalmente, ajudando-nos a renovar as expressões do anúncio. [...] Esta espiritualidade missionária sustenta a eficácia de nosso agir, fortalece nossa fidelidade ao Evangelho, marcando a autenticidade e ousadia de nosso testemunho, no meio dos próprios jovens da nossa sociedade.2
 
A procura por essas atividades nos Regionais e na Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude faz com que voltem seu foco para essa dimensão.
 
Portanto, a prática pedagógica da vida em grupo, exige a vivência da espiritualidade e um olhar sobre o Processo de Educação na Fé sistematizado pela Pastoral da Juventude como ferramenta de acompanhamento. Assim como afirma Hilário Dick:
 
O processo de educação na fé, mais do que um simples método ou técnica tem originalidade e autenticidade que surgem no desejo do encontro da descoberta de um Deus que se revela em Jesus Cristo, na pessoa humana e na natureza. Esse processo possibilita que o jovem vivencie o projeto de Jesus Cristo, sendo apóstolo no meio de outro jovem, por meio da formação integral, com o jeito cristão de ser, na construção de uma sociedade mais justa, ética, solidária, sinal da civilização do amor.
 
O projeto Mística e Construção também nos remete a pensar a dimensão do seguimento de Jesus Cristo, na qual se encontra a dignidade do discípulo missionário (DA 153). Somos chamados à vivência dos sacramentos como processo de superação da acomodação. A proposta da iniciação cristã deve ser revolucionária. É o caminho profético, que nos faz discípulos missionários. Segundo as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora:
 
A iniciação cristã não se esgota na preparação aos sacramentos do batismo, crisma e eucaristia. Ela se refere à adesão a Jesus Cristo. Esta adesão deve ser feita uma primeira vez, mas refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir.3
 
João batizava nas águas; Jesus batizava no Espírito Santo. Ser batizado é mergulhar na vida de Jesus e assumir seus critérios, seus sentimentos, seu jeito de ser. Somos, pelo batismo, “filhos no Filho”, filhos adotivos do Pai.
 
A espiritualidade está ligada à prática de todo cristão. Na Pastoral da Juventude assume-se por intermédio da concepção libertadora. Pensar meios de a mesma acontecer no cotidiano do grupo de jovens, é papel desse projeto nacional. Não podemos deixá-la na espontaneidade e na eventualidade. Os momentos de oração requerem planejamento e cuidado.
 
Onde queremos chegar
Alimentar os grupos de jovens com os elementos da espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo, espiritualidade da Pastoral da Juventude, fortalecendo a identidade, visando ao compromisso com a vida dos jovens e de todo o povo, na construção de uma Igreja sinal do Reino de Deus e de uma sociedade mais justa.
 
Iniciativas
  1. Estimular a prática da oração entre os jovens dos grupos da PJ para que cultivem a intimidade com Jesus Cristo e alimentem a vida apostólica.4
  2. Incentivar o conhecimento da Palavra de Deus, sua vivência, sua prática e o uso dela nas reuniões dos grupos de jovens, valorizando a Leitura Orante da Bíblia (LOB) como um dos meios de aproximação do jovem com as sagradas escrituras e de se apropriarem de conceitos litúrgicos.5
  3. Estimular a criação de músicas, poesias, artes plásticas e outras produções artísticas com propostas pastorais e elementos da espiritualidade libertadora.
  4. Difundir o Ofício Divino das Comunidades (ODC) e da Juventude (ODJ), incentivando seu uso, bem como sua participação em formações que capacitem os jovens a usá-lo.6
  5. Incentivar a realização de missões jovens nas Dioceses e/ou comunidades, a fim de continuar a proposta do encontro vivo com Jesus Cristo.
  6. Mapear as experiências de escolas bíblicas, de liturgia e de materiais produzidos nessas áreas, com o intuito de ser uma forma de divulgar e expandir o projeto.
 
Metodologia
A metodologia e a pedagogia que a Pastoral da Juventude assume em seu trabalho com os jovens é a do próprio Jesus.
 
A didática que deve nos inspirar no trabalho com a espiritualidade considera a realidade da juventude, o diálogo com os jovens e observa suas necessidades e experiências.
 
Nesse sentido propomos que as práticas de espiritualidade sejam sempre planejadas, contando, quando necessário, com o auxílio de assessores, da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, da Rede Celebra, do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), das Equipes Diocesanas de Liturgias entre outros.
Ações propostas
 
1.     Estimular a prática da oração entre os jovens dos grupos da PJ para que cultivem a intimidade com Jesus Cristo e alimentem a vida apostólica:
  • Publicação de textos sobre mística e espiritualidade.
  • Preparo de material de apoio para realização de missões jovens como meio de ir ao encontro da juventude e fomentar a vivência comunitária.
  • Elaboração do primeiro subsídio do Projeto Mística e Construção.
 
2.     Incentivar o conhecimento da Palavra de Deus, sua vivência, sua prática e o uso dela nas reuniões dos grupos de jovens, valorizando a Leitura Orante da Bíblia (LOB) como um dos meios de aproximação do jovem com as Sagradas Escrituras e se apropriarem de conceitos litúrgicos.7
  • Incentivo para a participação da PJ nos encontros de Liturgias.
  • Difusão das Escolas de Liturgia e Bíblia.
  • Continuidade das partilhas dominicais do evangelho.
  • Parceria para publicação de textos e roteiros de formação sobre a LOB.
  • Incentivo para a prática da LOB nos grupos.
 
3.     Estimular a criação de músicas, poesias, artes plásticas e outras produções artísticas com propostas pastorais e elementos da espiritualidade libertadora:
  • Acompanhamento do II Festival de Música e Poesia da PJ.
  • Publicação de um CD com músicas pastorais criadas pelo Festival.
  • Divulgação no site nacional da PJ a arte, a poesia de diversos jovens do Brasil.
 
4.     Difundir o Ofício Divino das Comunidades e da Juventude, incentivando seu uso, bem como sua participação em formações que capacitem os jovens a usá-lo:8
  • Parceria para publicação de uma nova edição do Ofício Divino da Juventude.
  • Continuidade à realização do Ofício em defesa da vida da juventude.
 
5.     Incentivar a realização das missões jovens nas Dioceses e/ou comunidades, a fim de continuar a proposta do encontro vivo com Jesus Cristo:
  • Fomento para a realização de Missões Jovens nas diversas realidades.
  • Sistematização das experiências de missões jovens.
  • Participação nas iniciativas de Missão Popular das Dioceses.
  • Parcerias entre as organizações que trabalham o tema de Missão (COMIDI, COMIPA, COMIRE etc).
 
6.     Mapear as experiências de escolas bíblicas, de liturgia e de materiais produzidos nessas áreas, com o intuito de divulgar e expandir o projeto.
  • Construção de banco de dados dessas experiências.
  • Disponibilização de materiais sobre escolas bíblicas e de liturgia para jovens e áreas afins.
 
 
Identidade visual
A escolha de uma identidade visual para o Projeto Nacional “Mística e Construção” foi um processo de construção coletiva e troca de ideias sobre os fatores que poderiam melhor representar a nossa mística.
 
A Vela é precedida de fortes simbolismos:
  • a chama representa o Cristo e a nós mesmos, que assumimos a missão que nos foi confiada por Ele: “Ser Luz no mundo”;
  • a vela representa a Pastoral da Juventude, que é uma forma de levar o Cristo (chama/fogo) a todos os jovens;
  • as palavras são os elementos que contribuem de forma direta com a mística e espiritualidade da Pastoral da Juventude, presentes em nossos grupos de bases e nas nossas vivências comunitárias;
  • temos também na base da chama o nosso símbolo, como representação da nossa identidade, o nosso jeito de ser e fazer.
 
 
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 1 CNBB, 2007, n. 20.
2 CNBB, 1998.
3 CELAM, 2008, n. 288.
4 CNBB, 2007, n. 129.
5 Idem, n. 135 e 136.
6 ibidem, n. 132.
7 Ibidem, n. 136 e CNBB, 2011, n. 96.
8 CNBB, 2007, n. 132.
 

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